3.31.2009

ser assim distante



P. Nos últimos momentos deste março, que tanto foi duro e marcou a carne, queria voltar a ser, assim, em simples silêncio, a amiga distante. Ouço a música de quem partiu, e penso que em nada a dor interessa um twitter ou um blog ou tantos. A folha de papel vazia é tanto mais espaço que esse espaço infinito.

3.23.2009

gran torino




C. Assisti a sessão da meia-noite, no Unibanco Artplex. E sempre acabo por agradecer por não ter assistido antes nenhum trailer do filme. Porque o ritmo se revela, a trama não está anunciada. (Adoro trailers, fazem parte da magia e da imersão no escuro. Silêncio absoluto tanto quanto, licença para os últimos sons de papel de bala ou garrafas se abrindo que cabem na tolerância.) Clint Eastwood tão velhinho, mas com uma presença tão enorme que não cabe na tela. Ri e chorei, personagem apaixonante. Adorei os grunhidos de raiva, prestem atenção. Quando eu crescer, vou espantar todos os fantasmas dos dias com uma cara brava como aquela. Imperdível, atenção para a música dos letreiros finais. Vou descobrir mais sobre ela.

3.12.2009

equador


P. Seus pais a fizeram prometer que não faria o mal. Que diante do infortúnio teria brios de manter o amor ao próximo. Ela descobriu que as têmporas calmas só eram garantidas com o vento do sul, gélido e incontrolável. E que sua natureza era regida pelo sol do equador que arde incontrolável. Garante a luz e o calor, queima quando se pisca. Pensou e pensou. Subiu num palco, agradeceu, e foi à praia.

giz de cimento


P. Quantas vezes a chorar a história foi contada? Quantas vezes a lembrança serviu de placidez ao discurso? Tantas que o coração parece um giz em lousa de cimento: corre rápido deixando pedaços nas linhas, fica pequeno. Pode a esperança acabar? Pode a respiração perder o ar? Somente um olhar cego garante o instinto do sentir, infalível, da coerência. Pode a certeza ser reta?

3.06.2009

o casamento de rachel



C. Tentei assistir O Lutador no Lumiére, mas perdi a seção: o celular tinha voltado ao horário de verão. E então assisti pela segunda vez O Casamento de Rachel, o melhor entre o que consegui ver este ano. Da primeira vez perdi as primeiras cenas numa sessão no Unibanco Artplex. E gosto, confesso, de assistir os filmes no cinema mais de uma vez. Detalhes, o som das folhas, o som de fundo que é de fato o que há. E este é um filme excepcionalmente ritmado nos detalhes.